Terror e broxada no fim do mundo! O novo filme do Selton Mello é… curioso!

Cheyna Corrêa (Texto: Luiz G.)

Enterre Seus Mortos irá estrear dia 30 de outubro e é o novo filme do renomado diretor Marcos Dutra, com um elenco de peso como Selton Mello, Marjorie Estiano, Betty Faria, Danilo Grangheia e, claro, Gilda Nomacce. 

Faço questão da ênfase na Gilda, porque você deve ter visto o vídeo que viralizou da atriz que gritou no meio de um jornal ao vivo, gerando uma situação inusitada e um meme para milhares de pessoas. Bom, essa atriz é a Gilda que, em uma tática genial, rompeu a expectativa de todos e promoveu o filme de forma inesperada. E, para além do meme, Selton Mello fez questão de chamar a Gilda para a cabine de imprensa do filme para ressaltar seu talento, seu carisma e sua trajetória impressionante. 

Mas sobre o que se trata o filme?

Edgar Wilson (Selton Mello), nosso protagonista, trabalha recolhendo animais mortos nas estradas e um dia recebe o chamado para retirar um cavalo que foi atropelado. O cavalo, ainda vivo, está preso no capô de um carro que também prende o próprio motorista, o mesmo que grita pedindo socorro, mas que tem sua angústia ignorada por Edgar Wilson, que simplesmente passa reto por ele. 

Depois de um tempo conversando com outros colegas com os gritos de desespero de fundo, Edgar Wilson volta para o carro calmamente, pega sua espingarda e põe fim à vida do cavalo antes de deixar o motorista desamparado sozinho na estrada, pois dar carona não fazia parte de seu trabalho. Essa é uma das cenas de abertura mais impressionantes que eu já vi, porque ela não te explica o que está acontecendo, ela te coloca no contexto de fim do mundo e os personagens te transmitem de forma quieta, mas intensa, o que você precisa saber: no fim do mundo, ninguém é especial, nem quem clama por socorro. 

Produção ótima, entrega… nem tanto.

Edgar Wilson é um homem com muitas questões. Ele sempre parece não estar ali. Sempre com um olhar vazio, que Selton Mello internaliza de forma brilhante seu tormento silencioso, inquieto, até mesmo na forma peculiar de comer uma batata frita. 

Em meio a um fim do mundo em que não sabemos o que está acontecendo, até porque não importa (e isso é incrível), Edgar Wilson precisa se questionar quem é no apocalipse, no surgimento de uma seita messiânica sinistra e de uma namorada tragada pelo caos iminente. 

Porém… mesmo com um elenco impressionante, uma produção incrível e uma ótima história, o filme te encaminha para uma broxada eminente. Talvez porque o filme teria mais de 3 horas e precisou ser reduzido para cerca de 2 horas ou por outro motivo. Mas certamente esse recorte final, infelizmente, não funcionou. 

Para sair do cinema com saudade do que poderia ter sido!

Mesmo com um plot twist forte e ousado, ele não entrega a catarse necessária para compensar as quase 2 horas de preparação silenciosa do filme. A catarse precisaria ser ainda maior ou, no mínimo, ser o que encerra o filme para que você saia da sala de cinema impactado. 

Mas não! Depois do ponto alto do filme, ainda existe uma necessidade de fechar pontas soltas com um monstro animatrônico filmado à luz do dia e um final conceitual sem impacto nenhum. Te faz questionar se você dormiu os últimos instantes ou se realmente te deixaram esfriar depois do clímax para uma cena de encerramento que, o único apelo, é o visual tragado por muitos questionamentos e apatia.

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