Tesouro é aquele filme que promete uma viagem emocional inesquecível, mas acaba mais parecendo uma excursão escolar mal planejada: momentos legais aqui e ali, mas com paradas que não fazem muito sentido e alguns tropeços pelo caminho. Apesar de sua proposta sincera e de um tema poderoso, o filme não atinge todo o impacto que poderia ter.
A história acompanha Ruth, uma jornalista com faro investigativo, e seu pai, Edek, um sobrevivente do Holocausto que prefere deixar o passado quieto. Stephen Fry rouba a cena como Edek, um sujeito espirituoso que sabe usar o humor para mascarar a dor. Ele é como aquele tio divertido que tem um olhar triste quando acha que ninguém está vendo. Já Lena Dunham entrega uma Ruth funcional, mas às vezes parece estar resolvendo problemas da própria vida em vez de mergulhar nos da personagem.
O grande problema do filme é sua tentativa de misturar drama pesado com comédia leve. É como se alguém tentasse fazer um bolo de chocolate enquanto adiciona sal na mistura: a intenção pode até ser boa, mas o resultado fica estranho. Quando o humor funciona, ele traz alívio e humanidade para a relação entre pai e filha. Mas, em outros momentos, parece simplesmente fora de lugar, tirando a força emocional das cenas mais sérias.
A direção de Julia von Heinz tem boas intenções, mas esbarra em problemas de ritmo e cortes abruptos que deixam o espectador meio perdido. É como se o filme não soubesse exatamente para onde quer ir, o que pode ser frustrante em uma história que deveria nos envolver completamente.
Apesar disso, Tesouro tem momentos autênticos e sinceros, principalmente na relação central entre Ruth e Edek. É um filme que tenta abraçar grandes temas, mas acaba com os braços um pouco curtos. Não é uma catástrofe, mas também não vai entrar para a lista de favoritos de ninguém.
Nota: 2/5
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