Em janeiro deste ano, após vencer o Globo de Ouro de melhor ator em filme de comédia por O Artista do Desastre, o ator James Franco, também da série The Deuce, se viu no meio de uma controvérsia. O ator utilizou, na cerimônia, um boton de apoio à causa Time’s Up, em que mulheres protestam contra casos de assédio sexual e moral.
No dia seguinte, cinco mulheres relataram nas redes sociais episódios de comportamento inapropriado do ator, que inclui uma denúncia de assédio da atriz Violet Paley, que disse ter sido forçada a praticar sexo oral em Franco.
O ator, à época, se defendeu e disse ter sua própria versão das histórias. Paley, que fez a denúncia pelo Twitter, apagou a publicação. Meses após um silêncio midiático, ele agora está de volta na segunda temporada de The Deuce, da HBO, que estreou na noite do último domingo (9).
https://www.youtube.com/watch?v=DcF_MyQ77OA
Ao contrário do que aconteceu com outros acusados recentes de assédio, como Kevin Spacey e Jeffrey Tambor, demitidos das séries House of Cards e Transparent, respectivamente, o papel, ou melhor, os papéis de Franco em The Deuce foram mantidos. O ator vive gêmeos em The Deuce, que retrata o crescimento da indústria pornográfica na violenta Nova York dos anos 70.
“Esperamos para ver se havia algo mais substancial, mas nenhuma denúncia foi à diante”, explicaram os criadores de The Deuce, David Simon e George Pelecanos, em entrevista. Para eles, é necessário ver o que está nos relatos e por trás das alegações. “Nós levamos isso a sério e tratamos o assunto com cuidado.”
A luta de mulheres contra a violência e para conseguir sucesso financeiro no mundo da prostituição e da pornografia é um dos assuntos da série. A atriz Maggie Gyllenhaal vive uma ex-garota de programa que se torna diretora de filmes adultos. Nesta segunda temporada, seu desafio é continuar no negócio. “No geral, é uma temporada de transição para todos os personagens”, afirma Pelecanos.
https://www.youtube.com/watch?v=DcF_MyQ77OA
Na primeira temporada, algumas cenas de violência e misoginia chocaram os espectadores, como a morte da personagem Ruby (Pernell Walker). Para os criadores, as cenas, apesar de fortes, são fundamentais para entender a história. “É algo que realmente acontecia na época, cruel e com pessoas de verdade. Precisamos passar essa mensagem”, diz Pelecanos. “A misoginia era tão intensa, se as cenas não fossem chocantes, algo estaria muito errado.”
A presença das mulheres se dá também atrás das câmeras. Dos oito diretores da nova temporada, sete são mulheres. Segundo Simon, isso ajuda a contar as histórias das personagens femininas. “Com certeza. Tem muitas coisas que não sabemos, sobre a experiência de ser mulher”, acredita. “Mas além disso, elas foram escolhidas por serem ótimas diretoras.”
David Simon e George Pelecanos ainda produzem a série ao lado de Nina K. Noble e de James Franco. Esta já é a terceira parceria da dupla com a HBO, onde realizaram as séries The Wire e Treme.
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