Chegou a hora de falar de Thor: Amor e Trovão com spoilers, aqui você vai ficar sabendo de tudo que rolou no filme – com detalhes (até os que podem ter passado despercebidos na telona do cinema).
Todas as referências dos quadrinhos explicadas, assim como os outros panteões de deuses que apareceram, você vai entender o que é a Eternidade, até as cabras do Thor vão ser explicadas aqui. Então, continue a leitura dessa análise que está completíssima!
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Antes de ir para a parte da análise mesmo, é importante dizer que Thor: Amor e Trovão está sendo muito criticado na internet, tem muita gente falando que o filme é ruim e tudo mais.
Mas essa reação é um pouco do que aconteceu com Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, as pessoas estão tendo uma expectativa e se decepcionado com a própria expectativa criada.
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Porque Thor: Amor e Trovão não é um filme ruim, ele cumpre bem a proposta, que é ser uma simples comédia romântica de super-herói com trilha sonora de Guns.
Deve ter rolado um cachê interessante para patrocinar a turnê de Guns N’ Roses que está vindo aí. Mas enfim, é um filme bem divertido, faz você vibrar em alguns momentos, rir bastante…
O problema é que Thor: Amor e Trovão não passa muito disso, é uma diversãozinha, mas é só isso também. Então dá para entender porque a galera ficou decepcionada.
Principalmente porque esse filme estava adaptando – literalmente – a melhor história do Thor dos quadrinhos! A história mais épica, sanguinária, tenebrosa e incrível do Thor de todos os tempos.
A saga do Carniceiro dos Deuses nas HQs foi coisa de outro mundo. Aí chega no filme e não passa de uma aventurazinha aleatória cheia de diálogo bobo e piada fora de hora.
A sensação não é de estar vendo um filme do Thor e, sim, que esse filme do Taika está fazendo paródia do filme original do Thor. Parece isso.
É como se estivesse assistindo uma paródia do Thor. Quer um exemplo? Quando o Gorr invade Asgard, metade dos Asgardianos estão morrendo, enquanto isso, o Thor está de papinho com a Jane, todo abobalhado mudando de uniforme, indo atrás do Mjolnir, fazendo piada com o vilão.
Depois o Gorr vai embora sequestrando as crianças e o resultado é: metade dos guerreiros mortos e os pais tendo que lidar com o sequestro das crianças, Asgard está um caos. É uma situação pesada, séria, custava o filme levar a sério também?
Mas não, o Thor começa a sessão de stand-up dele, parece que não está nem ligando para tudo o que está acontecendo. Está lá com ciúme do Mjölnir, começa a fazer piada para o povo que estava tenso, Valquíria e Jane brincando com ele também.
Esse é o tipo de coisa que tira todo o peso, tira todo o senso de gravidade do filme, te desconecta, você para de levar a própria história do filme a sério. E de quebra, colocam o Thor para fazer uma piada de que eles não fazem mais sacrifícios com crianças… pra quê fazer isso?
Os vikings na mitologia da vida real faziam sacrifícios humanos mesmo, mas nunca teve isso nos quadrinhos. Thor nunca faria uma coisa assim, então pega mal também algo tão pesado, como matar crianças, ser tratado como uma piada. A partir daí fica difícil levar qualquer outra parte do filme a sério.
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O próprio Thor é um bobalhão, todo lesado. “Aí a cobra vem e te dá um pick”. Que isso? Isso é o Thor? Parece uma paródia bem exagerada do próprio Thor.
Então dá até para rir, se divertir, é um filme divertido, mas os fãs que foram para assistir a um filme épico do Thor, uma adaptação épica da história do Gorr, vão sair decepcionados das salas de cinema.
Só de ver a primeira cena você já fica decepcionado, o visual do Gorr é totalmente genérico, simplificaram a história dele para ele ter só a filha, sendo que nas HQs foram inúmeras tragédias que aconteceram na vida dele.
A Necroespada tem um background gigante nas HQs, é a espada do Knull, e o filme nem se dá ao trabalho de explicar o mínimo, explicar sobre a Hela pelo menos, já que já tinham confirmado antes que a Hela estava com a Necroespada. Ficou parecendo que não estão considerando essa história mais nesse filme.
E fica pior quando o Gorr entra naquele oasis do deus do sol do povo dele, que CGI é aquele? Uma coisa assim, vergonhosa mesmo. O CGI desse filme é um dos mais fracos do UCM, você vê claramente o corpo dos personagens deslocado do cenário, os personagens virando bonecão nos pulos.
A Marvel está perdendo a mão?
Uma coisa é certa: daqui para frente a tendência é piorar. Você vai ver mais filmes genéricos do UCM destruindo histórias épicas das HQs, e mais computação gráfica de baixo nível porque esses filmes têm cada vez prazo mais curto para entrega.
A Marvel está optando por quantidade ao invés de qualidade e está dando para sentir bem a queda de qualidade. Está tudo muito superficial, os outros panteões foram apresentados de forma muito superficial, a Eternidade também.
Nas HQs, boa parte dos panteões não se misturam dessa forma que aconteceu no filme, não. A Cidade da Onipotência, que vocês viram lá, nos quadrinhos é, na verdade, uma biblioteca que compila todos os contos e lendas de todos os deuses do universo – é um centro de conhecimento.
O Taika transformou a Cidade da Onipotência em uma espécie de bordel de deuses, que vão lá para comer uvinha e fazer orgia para, justamente, dar mais peso para o argumento do Gorr. Já nas HQs, o argumento é um pouco diferente. É mais focado em fazer um paralelo com o deus cristão.
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Porque você pode passar por dificuldades na sua vida, sua família sofrer, doenças, mortes, catástrofes, você vai pedir a ajuda de deus e não ter nenhuma resposta?
Vai passar a vida adorando a um ser que nunca te responde e não está ligando para você. Isso foi o que o Jason Aaron quis passar nas HQs, como as pessoas lidam com as tragédias da vida e a falta de resposta das forças divinas.
Já no filme, os deuses são realmente bem sacanas, o deus do Gorr joga fruta na cara dele, os deuses só querem saber de farra, fazer oba-oba coletivo. Tem um pouco da mitologia original nisso aí também, muitos deuses eram fanfarrões, só queriam saber de bebida e sexo.
Não é algo necessariamente ruim o filme ter adaptado assim, mas é que é estranho ver toda a mitologia do Thor nas HQs sendo distorcida.
Até a Eternidade foi tratada de forma muito genérica. Virou uma espécie de gênio no centro do universo que você só chega lá, faz um pedido e ela atende.
A Eternidade não é só isso. Isso é só uma solução fraca de roteiro para o Gorr matar todos os deuses. É uma tentativa de simplificar algo bem elaborado das HQs.
Na história original, Gorr sequestrou um deus das bombas e o obrigou a montar o projeto de uma bomba divina usando a Necroespada.
A Necroespada se alimenta de sangue divino, então o Gorr coletava sangue divino e escravizava deuses para trabalharem na construção da bomba.
No UCM, os roteiristas só olharam um para o outro e disseram: “Ah, inventa aí que a Eternidade realiza pedido e o Gorr precisa do Rompe-Tormentas para abrir a porta”.
Mas o que o Rompe-Tormentas tem a ver com a Eternidade? “Sei lá, só coloca aí”, eles responderam. É nesse nível!
Aliás, nos quadrinhos, a Eternidade é basicamente a entidade mais importante do universo Marvel, porque ela é o próprio universo Marvel.
Quando você pensa em cada universo, em cada multiverso, quando pensa no espaço-tempo em si, isso é a Eternidade, é o corpo dela. E ela fala, conversa, interage, tem importância nas histórias.
Ela não está ali para realizar desejo, pelo contrário. Na maioria das vezes, a Eternidade escolhe não interferir em coisas tão banais porque os conflitos dos heróis são coisas pequenas demais para ela.
Nem tudo é problema em Thor: Amor e Trovão
Mas também não é como se o filme todo fosse péssimo. Tem algumas coisas originais bem interessantes no filme. A ideia do Thor compartilhar os poderes com as crianças foi bem legal, inesperado. O lance do Gorr trazer a filha dele de volta também e o Thor virar uma espécie de padrasto dela.
O Thor como pai é uma ideia que nunca foi explorada nem nos quadrinhos. Então tiveram umas sacadas bem originais que funcionaram legal no filme.
Ainda é um pouco estranho tentar entender porque a filha do Gorr foi ressuscitada com poderes da Eternidade, mas ficou interessante. Isso deve ser o que mais vai impactar o UCM daqui pra frente. Agora o Thor meio que tem uma filha superpoderosa que usa o Rompe-Tormentas – e isso não é pouca coisa.
Foi legal também terem trazido a Lady Sif de volta com o visual clássico das HQs, o Axl, o filho do Heimdall, também.
Mas agora os personagens icônicos – que eram para ser bem adaptados – foram bem qualquer coisa no filme. Valquíria não fede nem cheira. A Jane poderia durar mais filmes até morrer. Ela tem uma boa história, um bom background.
Ela foi Thor por uma fase inteira nos quadrinhos, a morte da Jane foi muito bem construída. Só um filme como Thor ficou muito corrido para contar a trajetória dela. No mínimo, o filme tinha que ser mais longo, foi muito curtinho.
Agora, o Gorr foi completamente estragado. Depois do Coringa do Leto, o Gorr do Christian Bale vem ali em segundo no ranking de decepções com vilões.
O Gorr dos quadrinhos chacinou todos os panteões de deuses da Marvel. Só sobrou o Thor para contar história. Sem falar que teve toda uma investigação dos assassinatos, uma espécie de CSI místico, com o Thor seguindo as pistas por diferentes reinos, analisando os corpos, pesquisando.
Leiam Deus do Trovão nos quadrinhos que vocês vão entender. Aquela obra prima foi transformada em um filme meia boca, essa é a verdade.
Esse Gorr foi um crime. E a culpa nem é do Christian Bale, coitado, ele mandou bem com o que pediram pra ele fazer.
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Não é sobre o ator e sim sobre o personagem do ator. O resultado do personagem não é só o que o ator faz, é o que o produtor pede, o que o roteirista escreve, o que o diretor quer. O que figurinista monta, o maquiador, o dublê, o estúdio de edição e por aí vai…
Na primeira cena do Gorr, depois que ele entra na água a maquiagem já desfaz todinha, de cara você já se desconecta ali do filme porque você está vendo a maquiagem se desfazer, depois você vê aquele CGI todo mal feito da cena.
Então, a partir do momento em que outras coisas te desconectam da cena, você já começa a perceber que é um ator atuando, já fica mais difícil do seu cérebro aceitar de forma natural a atuação do Christian Bale, mesmo que a culpa não seja dele.
E na verdade o Gorr ficou ruim, o melhor vilão do Thor virou um vilão esquecível e matou só meia dúzia de deuses menores.
Quanto ao Thor, ele virou um bobão, é uma paródia do Thor dos quadrinhos. Ele até tem alguns momentos badass, tipo quando mata o Zeus, ou quando compartilha o poder com as crianças. Mas, fora isso, o Thor é uma piada ambulante, ele é mais infantil do que as crianças do filme.
Se você para e analisa o início do filme, aquela parte com os Guardiões da Galáxia, é até divertido, é piada o tempo inteiro. Até as cenas de ação são feitas como piada. Só vai ter cena de ação séria no final do filme, e são meio fracas.
Bem água de salsicha as cenas de ação. E as expectativas estavam altas de ver alguma coisa, pelo menos 1% no nível da ação da HQ que o filme estava adaptando.
Porque na HQ a luta contra o Gorr é uma mega luta cósmica pelo espaço, eles voando para anos-luz de distância pelo espaço com os ataques, destruindo planetas ao redor com o impacto dos golpes.
Mesmo que não fosse uma luta cósmica, faz uma luta de super pesado bacana, impactante, que você sinta os golpes, a força e o poder dos personagens… Igual foi Superman vs Zod em Homem de Aço, por exemplo.
Por isso que esse é o tipo de filme que decepciona qualquer fã. Você começa a perder as esperanças de ver o Thor ser bem representado no cinema, começa a sentir que só vão fazer coisa genérica assim e eles nem precisam se preocupar muito com a qualidade.
É só seguir a fórmula Marvel atual, joga um monte de efeito especial até enquanto o personagem bebe água. Deixa o filme bem escuro para esconder o CGI fraco, coloca algumas explicações simples de roteiro para ficar tudo sem nenhuma profundidade.
Copia alguns quadros das HQs para fingir que está fiel, e complementa com 2 horas de piada para o público ficar rindo e não prestar atenção nos problemas que o filme tem.
Quando você está vendo as cabras gritando o tempo todo você está rindo, descontraído, não está se perguntando como elas são tão fortes para puxar o barco, nem se perguntando porque não são cabras mágicas.
Agora quem é fã sabe que o Toothgnasher e o Toothgrinder são seres místicos clássicos das histórias do Thor. Eles são os deuses das cabras, são amigos do Thor, podem carregar o Thor em super velocidade pelo espaço, são inúmeras vezes mais rápidos que a luz.
Já no UCM eles são simplesmente uma piada. Você percebeu isso? 90% da mitologia do Thor foi colocada no filme não para ter alguma importância ou profundidade, mas simplesmente para servir como piada.
Se você quiser só se divertir em uma Sessão da Tarde da vida, tudo bem, você vai curtir. Mas se você é fã e estava esperando alguma coisa a mais, algo que honrasse a história original… Ou ao menos que entregassem algo digno do personagem mesmo no UCM, para você o filme vai deixar de ser divertido e virar decepcionante.
Então, é compreensível tanto quem gostou do filme, quem se divertiu, quanto quem ficou decepcionado. É compreensível existirem essas duas respostas diferentes à Thor: Amor e Trovão.
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