O cineasta Timur Bekmambetov, conhecido por dirigir “O Procurado” (Wanted, 2008), está levando a discussão sobre inteligência artificial no cinema a outro nível.
O diretor revelou seu novo projeto — um sistema de IA batizado de Stanislavsky, capaz de gerar interpretações digitais com base em técnicas reais de atuação.
Segundo Bekmambetov, o objetivo é ensinar a IA a atuar como um humano, utilizando os princípios do método de atuação criado por Konstantin Stanislavski, que revolucionou o teatro e influenciou nomes como Marlon Brando, James Dean e Robert De Niro.
“Se um personagem está olhando pela janela com tristeza, eu não escrevo apenas ‘ele está triste’”, explica Bekmambetov.
Eu descrevo o que ele sente: o cachorro dele morreu ontem, e o pôr do sol o faz lembrar dos momentos que passaram juntos. Isso muda tudo na atuação.
A tecnologia por trás da ideia
O sistema Stanislavsky foi desenvolvido com um investimento de cerca de US$ 5 milhões ao longo de mais de dez anos.
Ele permite que produtores e equipes criativas alimentem roteiros completos na plataforma, que então sugere enquadramentos, sequências e emoções para as cenas.
Além disso, a ferramenta serve como uma central de colaboração, conectando diretores, fotógrafos, montadores e designers em uma única interface para refinar o trabalho com o apoio da IA.
Bekmambetov reconhece que a tecnologia gera controvérsias, mas acredita que o segredo está no uso responsável:
A IA veio para ficar, então precisamos treiná-la com responsabilidade. Não é um anjo nem um demônio. Ela vai tirar empregos, sim, mas o que importa é como vamos direcioná-la.
O cinema feito por e com IA
O diretor já aplicou parte dessa tecnologia em seu próximo filme, “Justiça Artificial”, estrelado por Chris Pratt e distribuído pela Amazon MGM Studios.
O longa é um thriller futurista em que um homem tem 90 minutos para provar sua inocência a um juiz controlado por IA.
Antes mesmo das filmagens começarem, Bekmambetov criou uma versão simulada do filme com IA e apresentou à produtora — uma prática inédita no estúdio.
Mostramos praticamente o corte final antes mesmo das gravações. Eles deram menos notas do que o normal
Atores humanos ainda são insubstituíveis
Apesar do entusiasmo com a tecnologia, Bekmambetov acredita que os artistas continuarão essenciais.
Alguém como Angelina Jolie tem uma presença única, algo que não pode ser replicado. Talvez, no futuro, atores treinem suas próprias versões em IA, mas o toque criativo humano jamais será substituído.
Apesar das controvérsias em torno do uso da inteligência artificial no entretenimento, Bekmambetov acredita que o futuro do cinema passará inevitavelmente por essa convivência entre o humano e o digital.
Seu trabalho propõe uma reflexão sobre o papel da criatividade na era tecnológica — não como uma substituição, mas como uma evolução da forma de contar histórias.






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