Veterano da indústria, Jeff Sagansky, critica decisões dos estúdios de Hollywood por causar ‘cataclismo inacreditável’

Yolanda Magesty

Veterano da indústria, Jeff Sagansky, critica decisões dos estúdios de Hollywood por causar ‘cataclismo inacreditável’

O investidor Jeff Sagansky não poupou palavras ao criticar os estúdios de Hollywood durante a conferência TheGrill, organizada pelo TheWrap. Ele alertou para um colapso no modelo tradicional de negócios da indústria, causado pelas escolhas equivocadas dos estúdios ao priorizarem o streaming, o que, segundo ele, levou a um “cataclismo inacreditável” no setor.

“Você está vendo o negócio tradicional entrar em colapso”, declarou Sagansky, em conversa com o empresário Peter Guber e a editora-chefe do TheWrap, Sharon Waxman. Para o progresso, a migração dos estúdios para as plataformas de streaming abriu espaço para comportamentos predatórios dessas empresas, prejudicando ainda mais a televisão tradicional.

Streaming e o futuro da indústria

Sagansky destacou que, mesmo com o impacto das mudanças, o setor ainda é um negócio bilionário. “Ainda é um negócio de US$ 150 bilhões em termos de receitas”, comentou ele, comparando o tamanho da indústria do entretenimento com o mercado esportivo, que representa cerca de US$ 40 bilhões.

Ele também fez uma previsão: os principais serviços de streaming, como Netflix, Amazon Prime, Disney/Hulu e Max, podem formar um oligopólio, chamando a atenção dos reguladores governamentais no futuro.

O investidor destacou ainda que gigantes como Warner Bros. Discovery, Disney e Paramount perderam US$ 190 bilhões em valor de mercado, resultado da queda na audiência da televisão, que foi o principal impulsionador da indústria por décadas. “A televisão perdeu quase metade de sua audiência”, afirmou.

O impacto da inteligência artificial em Hollywood 

A inteligência artificial (IA) também foi tema de destaque no evento. Justine Bateman, atriz e diretora, expressou sua preocupação com o uso da IA, afirmando que ela poderia “queimar a indústria até o chão”, eliminando diversas funções de trabalho. Já Edouard Harris, CTO da Gladstone AI, previu que Hollywood se dividirá em dois grupos: os que apoiam e os que resistem à implementação da IA.

Melody Hildebrandt, CTO da Fox Corp., sugeriu que a indústria deve adotar uma visão de longo prazo sobre o uso de IA, buscando ser “parceira das big techs” no aproveitamento da tecnologia. Já Jeffrey Bennett, advogado da SAG-AFTRA, abordou a necessidade de criar proteções legais para a IA no setor audiovisual.

Oportunidades e desafios para o futuro

Apesar das críticas, Peter Guber, CEO da Mandalay Entertainment e coproprietário dos Los Angeles Dodgers, acredita que há espaço para oportunidades. “Terá sangue, mas também haverá oportunidades”, afirmou ele, incentivando o público a não desistir do entretenimento. Para ele, assim como nos esportes, o segredo está em conectar artistas e público, criando um elo emocional duradouro.

Ao longo do evento, outros painéis discutiram questões como o estado da mídia e a redefinição de sucesso nos esportes. Sue Bird, campeã da WNBA, e a estrela do futebol Megan Rapinoe, junto com a ginasta Nastia Liukin, compartilharam suas experiências sobre como o esporte feminino ainda enfrenta resistência, apesar de sua crescente popularidade. “A baliza está se movendo”, afirmou Rapinoe, referindo-se às barreiras enfrentadas pelas atletas mulheres.

O evento TheGrill, realizado há 15 anos, reúne líderes do entretenimento, mídia e tecnologia para discutir as mudanças e desafios do mercado, com painéis, debates e networking focados no futuro do conteúdo digital.

Fonte: TheWrap

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