A atriz Viola Davis, uma das maiores estrelas de Hollywood e ativista por direitos raciais, revelou o incômodo que sente ao ser chamada de “a Meryl Streep negra”.
Embora a comparação pareça um elogio à primeira vista, a artista explicou que a frase carrega uma realidade amarga sobre desigualdades na indústria do entretenimento. Durante um evento em 2018, ela abordou o assunto de forma direta e poderosa.
“As pessoas me dizem: ‘Você é a Meryl Streep negra. Nós te amamos, você é única’. Está bem, então, se sou tão única, me paguem o que eu valho,” declarou a atriz. O comentário, embora simples, aponta para uma disparidade estrutural que vai além do reconhecimento público: as oportunidades e os salários.
Carreira premiada, mas com barreiras invisíveis
Viola Davis, vencedora do Oscar, Emmy, Grammy e Tony, acumula mais de 30 anos de carreira brilhante. Mesmo com esse histórico, ela afirma que não recebe o mesmo tratamento que atrizes brancas com trajetórias semelhantes, como Meryl Streep, Julianne Moore e Sigourney Weaver.
“Eu fiz tudo: Broadway, TV, cinema. Tenho uma carreira comparável a essas atrizes. Mas não recebo o mesmo salário, as mesmas oportunidades. Nem chego perto disso,” disse Davis, que também destacou a disparidade racial dentro das disparidades salariais de gênero. “Provavelmente recebemos um décimo do que uma mulher branca ganha,” completou.
Atrizes negras unem forças contra a desigualdade
Davis não está sozinha nessa luta. Outras grandes atrizes negras, como Taraji P. Henson e Octavia Spencer, também compartilharam suas frustrações. Taraji revelou, em 2022, que a diferença salarial é uma constante: “Estou cansada de trabalhar duro, fazer tudo com excelência e ser paga uma fração do que meu trabalho vale. Toda vez que é hora de renegociar, é como se eu estivesse começando do zero.”
Octavia Spencer, premiada por sua atuação em Histórias Cruzadas (2011), já destacou a importância de “conversar abertamente sobre salários com colegas” para aumentar a transparência e combater essas diferenças.
Casos emblemáticos expõem o problema
Um exemplo de destaque é o caso da atriz e comediante Mo’Nique, que denunciou uma famosa produtora em 2019 por discriminação racial. Segundo a atriz, foi oferecido a ela apenas 500 mil dólares por um especial de stand-up, enquanto Amy Schumer teria recebido 11 milhões de dólares para um trabalho semelhante. Mo’Nique questionou: “Por que filmes com elenco totalmente negro são classificados como de baixo orçamento?”
Desigualdade estrutural em Hollywood
O que essas declarações revelam é que as disparidades salariais e de oportunidades enfrentadas por atrizes negras vão além de números. Elas refletem um sistema que, mesmo reconhecendo talento, não valoriza igualmente.
Para Viola Davis, a comparação com Meryl Streep é apenas a ponta do iceberg. “Antes de qualquer elogio, existe a realidade. Se há talento e trabalho, deveria haver lucro proporcional,” afirmou. Sua fala ecoa o desejo de muitas outras mulheres negras de serem reconhecidas pelo que são: profissionais de excelência em pé de igualdade com qualquer outro.
A pergunta que fica é: até quando essas histórias serão apenas discursos e não o motor de uma verdadeira mudança? Enquanto isso, Davis e suas colegas continuam usando suas vozes para pressionar a indústria por mais justiça e equidade.
Fonte: Monet
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