‘Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out’ é o capítulo mais ambicioso e “sagrado” da franquia Benoit Blanc

Cheyna Corrêa

‘Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out’ é o capítulo mais ambicioso e “sagrado” da franquia Benoit Blanc
Divulgação/Netflix

Dando continuidade à saga de mistério policial que redefiniu o gênero no cinema contemporâneo, ‘Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out’ (Wake Up Dead Man) coloca o detetive Benoit Blanc diante de seu caso mais existencial — e perigoso — até agora. Disponível na Netflix desde o dia 12 de dezembro de 2025, o filme prova que, quanto mais absurda a mágica, maior a curiosidade para desmontar o maquinário do truque.

O crime impossível no altar

Desta vez, o detetive vivido por Daniel Craig é convocado para desvendar um aparente “milagre às avessas”: o assassinato do Monsenhor Jefferson Wicks (vivido por Josh Brolin) durante um sermão, diante de todo o rebanho de sua igreja no interior de Nova York. A morte, ocorrida em circunstâncias que desafiam a lógica, coincide com a chegada do jovem padre Jud Duplenticy (Josh O’Connor) à paróquia, deflagrando uma teia que mistura segredos eclesiásticos, corrupção e sugestões sobrenaturais que a polícia local, liderada pela chefe Geraldine Scott (Mila Kunis), é incapaz de solucionar.

Divulgação/Netflix

Enquanto Entre Facas e Segredos (2019) expôs o desespero da velha elite e Glass Onion (2022) satirizou os bilionários da tecnologia, Rian Johnson agora coloca o dedo na ferida da religião. O diretor critica sem rodeios a instrumentalização da fé, o fanatismo e a vaidade disfarçada de piedade.

A dúvida como ferramenta de fé

A grande sacada do roteiro é a escolha de seu co-protagonista. Nos filmes anteriores, tínhamos a enfermeira bondosa ou a irmã vingativa; aqui, temos o Padre Jud. O personagem de Josh O’Connor é uma figura repleta de ambiguidades: um ex-boxeador com um passado violento que busca redenção, mas que se vê no centro das suspeitas. O’Connor, que já brilhou em produções como The Mastermind e The Crown, rouba a cena e carrega a empatia do público, servindo como a bússola moral (e imoral) da trama.

Divulgação/Netflix

Um elenco que confessa seus pecados

A narrativa ganha força ao explorar uma galeria de suspeitos caracterizada com precisão cirúrgica. Diferente do antecessor, que isolava os personagens em uma ilha, aqui a comunidade é parte do mistério:

  • Glenn Close brilha como Martha Delacroix, a beata fervorosa que esconde mais do que revela.
  • Jeremy Renner retorna às telas como o Dr. Nat Sharp, um médico local com conexões obscuras.
  • Andrew Scott vive Lee Ross, cujos interesses financeiros na igreja logo vêm à tona.
  • Kerry Washington e Cailee Spaeny completam o time de suspeitos que, a cada cena, parecem ter mais motivos para querer o Monsenhor morto.

Divulgação/Netflix

As regras do jogo (e como quebrá-las)

A ambição de Vivo ou Morto está em esticar a corda das regras do whodunnit. Rian Johnson brinca com o sobrenatural — o filme chega a flertar com a ideia de uma intervenção divina ou demoníaca — apenas para lembrar ao público que, no universo de Benoit Blanc, a lógica humana (e suas falhas) é quem dita as regras.

O filme desafia os espectadores a separarem o milagre do truque, criando uma sequência de reviravoltas que questiona não apenas “quem matou”, mas “no que você escolhe acreditar”. É uma conclusão afiada para um ano de grandes estreias, consolidando a franquia como um clássico moderno.

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