Zoe Saldaña e a polêmica sobre sua indicação ao Oscar em Emilia Pérez

William Prado

Zoe Saldaña e a polêmica sobre sua indicação ao Oscar em Emilia Pérez

Zoe Saldaña está no centro de uma polêmica sobre a definição de papéis principais e coadjuvantes nesta temporada de premiações. O filme Emilia Pérez, um musical em espanhol da Netflix, tem recebido ótimas críticas e promete ser um forte concorrente ao Oscar.

Dirigido pelo renomado cineasta francês Jacques Audiard, o longa se destaca em diversas categorias. No entanto, a estratégia da distribuidora de posicionar Saldaña como atriz coadjuvante, enquanto Karla Sofía Gascón foi indicada como melhor atriz, gerou controvérsias e reacendeu o debate sobre as regras de premiação.

Saldaña interpreta Rita, uma advogada que auxilia um poderoso chefão do narcotráfico a simular sua morte e a passar por uma cirurgia de afirmação de gênero, tornando-se a personagem-título Emilia Pérez.

Seu papel é fundamental para o desenrolar da história, algo que se reflete também no tempo de tela: 57 minutos e 50 segundos, o que equivale a 43,69% da duração do filme.

Essa marca é até maior do que o tempo de Gascón, que aparece por 52 minutos e 21 segundos, ou seja, 39,54% do filme.

“Quando se trata de Emilia e Rita, ambas são personagens independentes, com seus próprios pontos de vista. Eu diria que Rita tem mais perspectiva, quase como um substituto para o público”, comenta Matthew Stewart, especialista em screen time.

Para Stewart, a decisão de categorizar Saldaña como coadjuvante parece estratégica, mas “eu mudaria a campanha de Saldaña para que fosse mais honesta”.

Este caso coloca Emilia Pérez entre os filmes em que uma performance coadjuvante tem mais tempo de tela que a de um ator principal, algo raro na história do Oscar.

Se Zoe Saldaña for indicada como atriz coadjuvante, ela entrará para a história como a 22ª atriz a disputar o prêmio nessa condição, apesar de uma performance de maior duração do que a da protagonista.

Isso aconteceu anteriormente com Timothy Hutton em Gente Como a Gente (1980), que venceu o Oscar de coadjuvante, apesar de ter mais tempo de tela que a atriz principal, Mary Tyler Moorez.

Além disso, a estratégia de categorizar performances parece ser um jogo de manipulação de categoria, com o objetivo de aumentar as chances de vitória. Esse fenômeno, conhecido como “fraude de categoria”, é frequentemente mencionado durante as campanhas de premiação, já que a Academia permite que os estúdios posicionem seus atores como quiserem.

Por outro lado, a decisão final sobre a categoria de Zoe Saldaña será tomada pelos membros da Academia. Em uma mudança de estratégia, ela poderia até ser indicada para melhor atriz, seguindo o exemplo de Kate Winslet, que foi indicada como atriz principal por O Leitor (2008), em vez de coadjuvante, como originalmente planejado.

A controvérsia não se limita a Saldaña. Outros casos de “troca de categoria” também estão gerando debates, como o de Alicia Vikander, que foi indicada como coadjuvante por A Garota Dinamarquesa (2015), apesar de ter mais tempo de tela que sua co-estrela Eddie Redmayne.

A mesma situação ocorreu com Casey Affleck em O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (2007), quando ele foi colocado como coadjuvante, apesar de sua performance rivalizar com a de Brad Pitt.

Embora a Netflix tenha feito sua escolha estratégica, com Saldaña como coadjuvante, resta saber se a campanha será bem-sucedida ou se Saldaña se tornará uma das grandes surpresas da premiação.

Esse tipo de manipulação de categorias não é incomum, mas a disputa acirrada por Emilia Pérez promete seguir movimentando os bastidores da temporada de premiações, com implicações importantes para o futuro da premiação e a carreira das atrizes envolvidas.

FONTE: Variety

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