O produtor da série ‘Tekken’, Katsuhiro Harada, declarou estar observando com atenção a decisão da Capcom de cobrar dos fãs que desejarem assistir às transmissões das finais de torneios de ‘Street Fighter 6’. A iniciativa, anunciada durante a Tokyo Game Show em setembro, revoltou parte da comunidade e levou a empresa a rever sua política de preços.
A Capcom anunciou que as finais da Capcom Cup 12 e do SFL World Championship seriam transmitidas exclusivamente via pay-per-view. Segundo a proposta inicial, os espectadores teriam de pagar ¥4.000 (aproximadamente US$27) para assistir à final da Capcom Cup no dia 14 de março de 2026, e mais ¥4.000 para acompanhar a final da SFL no dia 15 de março. Um pacote combinado, no valor de ¥6.000 (cerca de US$40), permitiria acesso às duas transmissões.
A reação da comunidade de ‘Street Fighter 6’ foi imediata, gerando críticas ao modelo de cobrança. Em resposta, a Capcom afirmou estar “revisando os preços” e prometeu apresentar “informações atualizadas sobre a transmissão PPV, incluindo o preço final e contexto adicional” em breve. A empresa também manteve a previsão de disponibilizar os ingressos em 12 de novembro, embora, até o momento, o pay-per-view ainda não tenha sido listado.

Em entrevista ao site The Game Business, Katsuhiro Harada comentou que tem se interessado em entender como a monetização de transmissões pode impactar o mercado competitivo. Para ele, o cenário atual permite que streamers, influenciadores e marcas lucrem com eventos de jogos, enquanto os criadores das franquias veem pouco retorno financeiro dessa exposição. “Se você observar esses eventos transmitidos e as pessoas que participam, sejam streamers comuns ou grandes influenciadores, muitas empresas grandes estão investindo dinheiro em anúncios, e muitos influenciadores estão ganhando muito com suas transmissões”, afirmou.
Harada reforçou que há um descompasso entre o lucro gerado em torno dos torneios e o retorno para as empresas que produzem os jogos. “Mas a receita para os nossos jogos não reflete nada disso. É bem interessante pensar em como isso pode mudar.”
Ele acrescentou que a maioria dos torneios é licenciada gratuitamente para organizadores e criadores de conteúdo, mas reconheceu que já existem iniciativas de cobrança na comunidade. “Ocasionalmente você vê alguns eventos cobrando pay-per-view ou algo parecido. Observar como esse lado financeiro evolui é algo que me interessa muito.”
Questionado sobre estar se referindo diretamente à Capcom ao comentar o assunto, Harada minimizou: “Esse é apenas um exemplo entre muitos.”
Enquanto isso, a polêmica interna na Capcom ganhou novos desdobramentos no mês passado, quando o diretor de ‘Street Fighter 6’, Takayuki Nakayama, afirmou não ter sido informado previamente sobre o plano de cobrança. Segundo ele, tanto ele quanto o produtor Shuhei Matsumoto descobriram a decisão durante a própria Tokyo Game Show. “As metas de receita e as tarefas atribuídas variam fundamentalmente conforme o departamento”, explicou no X. “Até mesmo a equipe de desenvolvimento ficou surpresa com o anúncio (pelo menos Matsumoto e eu ficamos chocados no local). Como isso ocorreu dentro da mesma empresa, estamos discutindo internamente. Pedimos desculpas por qualquer preocupação causada.”
Embora o modelo de pay-per-view ainda esteja indefinido, a controvérsia abriu espaço para discussões mais amplas sobre monetização de torneios, participação da comunidade e o futuro das transmissões competitivas nos jogos de luta.






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